ciclodobb

ciclodobb
Atividades

6 de dez. de 2011

Toque...


TOQUE...
Se sou o teu bebé, por favor toca-me.
Preciso do teu toque de formas que nunca poderás entender.
Não me laves e vistas e me alimentes apenas
Mas embala-me, beija a minha cara e acaricia o meu corpo.
O suave toque da tua mão transmite-me segurança e amor.
Se sou a tua criança, por favor toca-me
Mesmo se te afasto ou te resisto.
Persiste, encontra maneiras de conhecer as minhas necessidades.
O teu abraço de boa noite adocica os meus sonhos
O teu toque durante o dia diz-me o que tu sentes por mim.
Se sou o teu adolescente, por favor toca-me
Não penses que por estar a crescer
Eu não preciso de saber que tu ainda gostas de mim
Eu preciso do teu abraço de amor, eu preciso da tua voz suave
Quando o caminho se torna dificil, a criança que há em mim ainda precisa de ti.
Se sou teu amigo, por favor toca-me
Não há como um abraço caloroso, para me dizer que gostas de mim.
Uma mão tgranquilizante e amiga quando estou deprimido mostra-me que sou amado
E assegura-me que não estou sozinho.
O teu toque reconfortante pode ser o único que eu recebo.

Se sou o teu parceiro sexual, por favor toca-me
Podes pensar que a tua paixão seja suficiente
Mas só os teus braços afastam os meus medos
Preciso do teu toque suave e reconfortante
Para me lembrar que sou amado por ser como eu sou.
Se sou teu filho crescido, por favor toca-me
Mesmo tendo a minha própria familia para abraçar,
Ainda preciso do abraço da Mãe e do Pai quando dói
Como Pai tenho uma visão diferente
Eu aprecio-vos mais

Se sou o teu pai idoso, por favor toca-me
Da mesma forma que era tocado quando criança.
Dá-me a mão, senta-te perto de mim, dá-me força
E aqueçe o meu corpo cansado com o teu aconchego
Mesmo que a minha pele esteja enrugada e gasta,
Gosta de ser acariciada.
Phyllis, K. Davis

Dr. Sérgio Bourbon


O Transtorno  do Déficit de Atenção/ Hiperatividade (TDA/H) foi descrito pela primeira vez por um médico inglês, George Still, no começo do século. Um fato curioso é que esse distúrbio tem sido pouco valorizado pelos médicos. Assim é que nos congressos psiquiátricos raramente surge um tema relacionado a esse problema. Os pediatras, de modo geral, têm alguma informação sobre hiperatividade em crianças, mas dificilmente fazem um diagnóstico dessa condição a menos que o caso seja muito grave e as manifestações por demais acentuadas. Os neurologistas, via de regra, procuram diagnosticar uma suposta “disritmia”, dando ênfase a pequenas alterações encontradas no eletroencefalograma e os psiquiatras dirigem seu pensamento para transtornos de personalidade, depressão, ou atribuem as características dessas pessoas a conflitos emocionais e falhas na educação.

Nos EUA, acredita-se que apenas 50% das pessoas que apresentam TDA/H  são diagnosticadas e tratadas. No nosso meio, evidentemente esse número é acentuadamente menor.
O TDA/H é o distúrbio mais freqüente da infância, e é também a principal causa de fracasso nos estudos.

O que caracteriza o transtorno é a persistência e a acentuação de determinadas características em 3 áreas do comportamento:
1)      Hiperatividade – a criança é inquieta, não consegue brincar sossegadamente, tampouco consegue permanecer sentada na sala de aula, está sempre mexendo com as mãos, com os pés, ou se remexendo. Os mais velhos diziam que essas crianças tinham o “bicho carpinteiro” (ou, como preferem os amantes da língua portuguesa, “bicho no corpo inteiro”)
2)      Impulsividade – essas crianças são impacientes. Para elas não existe o verbo esperar. Dão respostas precipitadas, sem pensarem no que dizem, suas reações são também imediatas, como que em curto-circuito.
3)      Desatenção – existe uma dificuldade constante de concentração, a atenção não se demora em um só tema, às vezes salta de um para outro seguidamente. A pessoa parece às vezes que está desligada, ou no mundo da lua. Freqüentemente são incapazes de repetir uma coisa que acabaram de lhe falar. Essas crianças perdem constantemente objetos, e são vistas pelas outras pessoas como “crônicamente esquecidas”. Uma característica marcante é a desorganização.

Vemos que essas características descritas, quase todas as pessoas podem apresentá-las em determinados períodos da vida, por uma ou outra razão, em maior ou menor grau. Todavia o que caracteriza a pessoa com TDA/H é que esses traços estão presentes desde a infância, se mostram em diversos ambientes que a pessoa freqüenta (escola, casa, trabalho, etc.), e implicam sempre em algum grau de prejuízo, ou perturbação do seu funcionamento. Para ficar mais claro, devemos acrescentar que ninguém fica TDA/H. Quando perguntamos sobre a história da vida da pessoa, geralmente obtemos um relato de uma longa seqüência de acontecimentos semelhantes ao longo da vida da pessoa.

Nem todas as crianças com TDA/H evidentemente mostram todas as características acima descritas. Um menor número delas não apresenta hiperatividade. Pelo contrário, às vezes são até crianças muito paradas e quietas, mas nelas o que predomina são as falhas acentuadas de atenção. Nesses casos falamos em Transtorno do Déficit de Atenção do tipo desatento, sem Hiperatividade. Com isso esclarecemos que Hiperatividade não é sinônimo de TDA/H, embora habitualmente se fale em criança hiperativa quando se quer dizer criança com TDA/H.

Até há poucos anos atrás se pensava que o TDA/H fosse uma condição própria da infância e, no máximo da adolescência, e que regrediria espontaneamente até o final da adolescência. Estudos recentes mostraram que mais da metade dos casos o TDA/H persiste na idade adulta, e continua prejudicando o funcionamento dessas pessoas até pela vida toda.

Conseqüências importantes correm por conta da impulsividade, um dos três elementos básicos das manifestações do TDA/H. A impulsividade pode se mostrar sob a forma de respostas e reações precipitadas em diversas situações  da vida (nos relacionamentos amorosos, no trabalho, etc.), muitas vezes aparentando uma falta de tato ou consideração pelos outros, quando na verdade o que se passa é uma falta de reflexão, que só chega atrasada, depois que a resposta já foi dada. Com freqüência também a impulsividade se mostra no comprar, no tomar decisões, no comer, etc.

Diversos estudos comprovam que o TDA/H é um distúrbio neurobiológico, no qual estariam envolvidos o lobo frontal e as estruturas cerebrais subcorticais funcionalmente ligadas ao lobo frontal. Também já se demonstrou que existe no TDA/H um deficiência funcional da dopamina, um dos neurotransmissores cerebrais. Inquestionável também nos dias de hoje o papel da hereditariedade na causalidade desse transtorno.

O tratamento compreende três etapas importantes:
1)      Conscientização e Instrução – A primeira e comumente a etapa decisiva para o bom desenrolar do tratamento. Consiste em fornecer à pessoa e a todos que convivem de perto com ela o maior número possível de esclarecimentos sobre o distúrbio e suas conseqüências. O ideal é quando se consegue estimular as pessoas a tal ponto que elas se interessam a ler, pesquisar e até a assistir palestras sobre o assunto.
2)      Medicação – Os medicamentos mais eficazes pertencem à classe dos estimulantes psíquicos. Como segunda opção figuram alguns antidepressivos. Importante também fornecer aos pacientes e familiares informações sobre possíveis efeitos colaterais, tempo de duração do tratamento, etc.
3)      Recursos Psicoterápicos – Diversas formas de ajuda psicológica completam o esquema terapêutico, desde orientações estratégicas de comportamento (uso constante de agenda, emprego de lembretes adesivos em vários locais, apoio de um alter-ego, etc.) até um tratamento de apoio e esclarecimento, visando contrabalançar o efeito de fracassos acumulados ao longo da vida.